Na manhã desta quarta-feira (31), o acusado de matar o adolescente Jadson José de Oliveira de 17 anos, o policial militar Marco Aurélio Onishi de 37 anos, foi ouvido na sede do 4º Batalhão da Polícia Militar de Maringá, onde declarou que quem executou a vítima foi seu parceiro de trabalho, o soldado Jonatan Vinicius Goulart de 31 anos.
O advogado de defesa de Onishi, Israel Batista de Moura, acompanhou o depoimento que durou cerca de 4 horas. No depoimento, o soldado Onishi que primeiramente foi acusado de ter cometido o assassinato do menor, relatou que o PM Goulart arrastou a vítima até o local onde o corpo foi encontrado e efetuou os disparos.
Onishi contou que ficou no interior da viatura no momento em que aconteceu os fatos, não conseguindo impedir que tal tragédia ocorresse, pois foi coagido e ameaçado de morte. O soldado Onishi não só sofreu ameaças pessoais, bem como sua família.
Diante de progressivas e constantes ameaças e temendo pela sua vida e de seus familiares, o policial se omitiu. O advogado de defesa de Onishi, disse por telefone ao repórter André Almenara que diante de tais declarações, a investigação deste crime toma um novo rumo.
No depoimento de hoje, Onishi contou detalhadamente como se deu o crime. Após a abordagem do menor que aconteceu na cidade de Sarandi, o soldado Goulart se dirigiu até a estrada rural dizendo para seu parceiro que iria apenas conversar com Jadson José de Oliveira.
No local do crime, o soldado Goulart desceu da viatura e teria retirado do camburão o menor apreendido, e que Onishi permaneceu no interior do veículo, só após alguns minutos ouviu os estampidos possivelmente de uma pistola.
No mesmo instante, Onishi desceu da viatura e perguntou o que tinha acontecido, onde o soldado Goulart relatou que tinha matado o menor por dívida de drogas, e que era para deixar o corpo no local que alguém iria depois recolher.
O soldado Onishi não teria concordado com a atitude de seu parceiro de trabalho dizendo que iria comunicar seu superior do ocorrido. Goulart então fez ameaças contra Onishi e sua família, e que após o crime, foram até uma empresa de transportes para lavar a viatura, e o soldado Goulart lavou seu cuturno e sua farda que estava suja de terra e sangue.
Ao chegar na Companhia da Polícia Militar de Sarandi, o soldado Goulart novamente tentou retirar a mancha de sangue de sua farda e deixou a calça do fardamento secando em um ventilador para terminar o turno de serviço.
Outros policiais que estavam no alojamento teriam presenciado a calça sendo seca por um ventilador. No início do final de semana, o Serviço Reservado da Polícia Militar (P2), fez buscas na casa de Onishi e encontrou seu fardamento de trabalho que foi apreendido e uma pistola modelo Bersa calibre 22.
Na residência do soldado Goulart, a P2 encontrou seu fardamento de trabalho, porém, com manchas de sangue. O soldado Goulart se apresentou na Delegacia da Polícia Civil de Sarandi na semana passada dizendo que quem cometeu o crime foi seu parceiro, porque tinha certeza que o soldado Onishi iria procurar seu comandante imediato, Capitão Gilson Dias, relatando o ocorrido, diante disso, o soldado Goulart se antecipou e culpou seu companheiro de farda.
O soldado Onishi contou hoje toda a verdade para o Comando da Polícia Militar devido a sua família não estar na cidade, sendo assim, se sentiu seguro em relatar o que exatamente aconteceu, não fazendo isso antes, temendo pela vida de sua esposa e filho.
Onishi está com duas prisões decretadas, prisão preventiva decretada pela Justiça Militar e prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça Comum de Sarandi. O soldado Goulart cumpre prisão domiciliar decretada pela Justiça Militar, visto que, como o caso é de dois policiais militares sendo um delator e outro delatado, não seria viável que os dois permanecessem presos no mesmo local.
O advogado Israel Batista de Moura, requer maiores detalhes na investigação como cariação e confronto balístico das armas apreendidas com o laudo cadavérico do IML de Maringá.
Uma camionete VW Amarok que foi roubada e encontrada nas imediações do local do corpo poderia ter sido usada posteriormente para retirar o corpo, visto que, em seu depoimento, o soldado Onishi ao indagar seu parceiro de trabalho se o corpo do adolescente iria ficar ali, teve como resposta que alguém depois passaria com uma "camionetinha" para retirar o cadáver.
A família de Jadson está acompanhando o caso e aguarda uma resposta da justiça para quem cometeu a morte do adolescente.
André Almenara